domingo, 27 de novembro de 2011

Tempo vazio

Antes faltava só uma hora
aí passou.
E agora falta mais uma hora, novamente
Quem tem o controle do relógio?

Queria ter o controle do sono.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

da água pro vinho

Não sei se acho bonitos os que têm barba
Ou se, por terem barba, tornam-se bonitos.
Pera aí, você tem barba
e eu tô achando todos eles...

E então chegou a hora de mudar, totalmente.

terça-feira, 25 de outubro de 2011


Como sê mais
quando tem-se (de) menos?
No fim das contas não sobra nada.

domingo, 23 de outubro de 2011



Toda aquela sobriedade não mais servia. Queria era perder-se, mesmo com medo do inesperado, sabia que a rotina aniquila.
Sentia fraqueza e uma incômoda dor de cabeça. Não era ressaca da noite anterior. Era ressaca da vida.
Então  acordou e resolveu simplesmente escrever.
Quando não tinha com quem reclamar, escrevia. Se não tinha com quem compartilhar a dor do amor, escrevia.
O papel era um amigo silencioso, e leria quem quisesse.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O que fizeram com os pedaços de mim?

Fui perdendo um a um, vendo cada qual como especial e por isso acho que foi cada um na sua vez.
Mas não. Tudo junto, isso sim. Quando notei, todos tinham partido. E levado minha inspiração.

Agora eu fico tentando buscar inspiração em ponta quebrada de lápis, em perfume alheio que fica quando se ganha um abraço.
Uma pena que tudo é saudade.

Como é possível perder até o que não se tinha?
Pra onde vai tudo isso? Pra construção dos meus erros, que mesmo com uma coleção deles, ainda não me ensinaram corretamente.
 Eu continuo falhando.

Melancólica a ponto de deixar a poesia falar por mim (talvez eu nem devesse escrever essas palavras)
E quando não me identifico com mais nada?
Roubaram minha energia e nem o café conseguiu devolver.
Tiraram-me o sono, e nem pra agradecer com sinceridade.

Levaram pedaços de mim.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Eu preciso organizar papéis, limpar a casa, pagar contas. Mas só tenho vontade de pensar em você.

domingo, 11 de setembro de 2011

mesmo

Quando todos os textos parecem ter o mesmo titulo
Quando todas as poesias parecem dizer a mesma coisa
Quando toda bebida parece ter o mesmo gosto
E todo professor repete a mesma coisa, sem ser o mesmo

O problema é com a gente
ou com o mundo?

Quem arruma nossos problemas?
além da gente mesmo, sempre?

Ninguém me arruma.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Opaco

Comprei pão sem sentir fome, bebi muito café pra sustentar o vício, não fiz por preguiça.
Sabe quando não tá bom o suficiente mas nem tão ruim assim? Pois é
Não sei o que está errado, o que tem de errado. Se o errado sou eu.
Por que tem aquela velha mania, minha, de por o “eu” em tudo. Meu eu parece não se cansar.
Dessa vida cinza, que realmente precisa de cor.

domingo, 14 de agosto de 2011

Desesperadamente quieto


Por que hoje ninguém me tira esse silencio. Nem a melhor das conversas, a pessoa mais falante do mundo, nem essa música agitada.  Só falariam o que eu já não agüento mais ouvir, o que eu quero achar que esqueci, ou que ficou pra trás.
Hoje o meu silencio parece não querer ficar calado. Ele ocupa espaço, me perturba cada vez que eu paro evito pensar mas quando vejo jáestoupensando.
Não sei como por esse silencio inconveniente pra fora, não sei se eu conseguir fazer com que o vazio seja inspirador.Tá mais pra desesperador. Desesperadamente quieto. 

terça-feira, 9 de agosto de 2011


O quadro negro não é mais negro
Até ele mudou
(e por que não poderia, não é mesmo?)
Tanta coisa diferente
e eu aqui, no mesmo lugar.

Agora o quadro é branco
o giz se aposentou
Será que foi embora?
Você do mesmo jeito, sempre igual
Será que vai voltar?

domingo, 7 de agosto de 2011

- Qual parte do corpo você mais gosta?
- Acho que as mãos. São tão..pessoais.
- Mas todas as nossas partes do corpo são pessoais, não?
- São sim.  Eu quis dizer que as mãos são especiais, ao menos pra mim. Elas parecem ter identidade. Você pode dar um sorriso falso, as mãos raramente mentem.
- Por isso você gosta tanto de segurá-las?
- Creio que sim. Elas representam um mundo. Um mundo pra mim. O mundo nas minhas mãos.


 "Mãos e coração, livres e quentes...”
Antigamente eu queria ler coisas diferentes, ver filmes que nunca vi, descobrir bandas, cantores.
Hoje sinto vontade de ver o mesmo filme, toda vez que assisto um. Ouço as mesmas bandas e as mesmas músicas, todo dia. E ando relendo os mesmos livros, os mesmos autores.
E não tento mais responder aquelas velhas perguntas.
O que mudou?

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Novidade efêmera

Compro canetas novas e passo a escrever só com elas. Quando um sapato é novo, parece que apenas ele combina com qualquer coisa que eu vista.  E uma roupa nova torna-se repetitiva, de tantas vezes que é usada, pois só ela fica atraente no guarda-roupas.
O que escolher no guarda-roupas da vida? Com qual cor de caneta assinar o veredito?caminhar de pés descalços sempre pareceu mais atraente..
Querer sempre mais sempre foi um problema. Assim como achar sinônimos. Ou querer definir o que ninguém  consegue explicar. O que parece não ter fim

sexta-feira, 22 de julho de 2011

A música acabou e eu não ouvi o trecho que queria. Aquela parte que, quando toca, sempre me faz lembrar. E eu coloquei a música de propósito, por que eu quis lembrar de ti. Eu quis, hoje. Amanhã pode ser que eu nem lembre a tua existência, que nem passe pelos meus pensamentos.
A música passou. Você não.
Nunca passa

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Escrevo sem saber o que digo, ouço sem saber se gosto.
Não sei dizer nem que sim, nem que não.
Em tempos de incertezas, tudo o que vejo é desilusão.
E eu ainda não encontrei a saída

quinta-feira, 2 de junho de 2011

O tempo

- Trinta, trinta e um, trinta e dois...
- Ei, você pode contar mais baixinho?
- Tá bom, mamãe.  E depois que o sinal abrir, e a gente passar, eu paro de contar.
- Você sabia que sessenta é um minuto?
- O que, mãe?
- Um minuto tem sessenta segundos, então se você contar até sessenta um minuto terá passado!
- Quero contar o tempo!
- Faz assim: fique olhando as horas no celular, quando esse número aqui mudar você começa a contar do um até o sessenta. Quando chegar lá, o numero aqui terá mudado eu minuto se passado.
- Um, dois, três... cinqüenta e cinco, cinqüenta e seis..
-Ei mãe, o número aqui do celular já trocou e eu ainda não cheguei no sessenta.. O meu minuto ainda não acabou!
- Você contou devagar demais
- Devagar? Mas eu não posso decidir a velocidade do tempo? O tempo é meu! Eu tô contando ele!
- Dá pra contar o seu tempo, sim. Mas enquanto você está contando, ele pode passar e você nem notar..

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Distante

Guimarães Rosa ficou bege, Mario Quintana teve palpitações. Nem Chico Buarque quis ver a banda passar. Tudo por que Mariana escreveu uma poesia..um poema(?)



Terra. Terremoto. Teto.
Tia Tema Tatuagem Transversal.
Tainha Traíra Tramandaí Tapera.
Trompete Trombone Tamborim.
Tempo Tempo Tempo
Tranqüilidade
Tenho tido tiques,
Torque.
Total.Transcendental
Tchau.

Até quando, ein? tudo isso
Ah, tempo
Amigo perdido
Amor bandido, invisível
Áustria ou Austrália?
Acento Agudo
Antídoto. Amido. Amianto.
Amuleto do azar.
Até breve
Acabou?

Métrica Metro Micro Mil
Medo
Medida  Medido Mensurável
Medir .
Morder. Mão.
Machucar?
Manipular o destino
Morrer por causa do acaso
Me desfaço e perco, te perco.
Mais além, além do horizonte.

Lamento as lamentações.
Labuta fajuta
Louvor
Louros
Loucos
Límpido
Lindo
Lá, daquele lado naquele lado
Logo ali
Longe.

terça-feira, 3 de maio de 2011

pontos de vista no outono



Por que os relógios tem uns números maiores que os outros?Ok, sem generalizar. Por que este relógio, aqui, tem alguns números que se destacam? Quem disse que o 12 é mais importante que os outros? De onde vem esse conceito? Apenas quatro números, aqui, se sobressaem. São quatro pontos exatamente colocados, marcados. Mas por que não destacar o 2, o 5, o 7 e o 11, por exemplo?
Esse relógio, aqui, tem os números, além de destacados, em outra cor, diferente dos demais. Vermelho, de sangue. E nem é pra combinar com o lugar. Eu acho.
Por que destacar os números, que ali são horas? E por que estas horas?
Injusto. 



A cadeira essencialmente posicionada onde se pode ver várias árvores, quando sentado nela. A mesma árvore pode ser vista por duas janelas.
E hoje eu vejo um céu azul, limpo, quase sem nuvens. o mesmo vento que balança os galhos das árvores levou as nuvens pra longe. Levou também você pra longe – por que é o mesmo vento de ontem.
Ventava ontem?
 e eu nem sei se você levou. Você levou?
Levou-se? Levou-me?
E se foi, será que chegou?


Eu tinha desistido de te procurar por aí, sei que não estás em nenhum outro corpo, coração, rosto ou barba.
Ao olhar pro lado, no fatídico dia em que o vento balança, sem piedade, as folhas da árvores, eu te vejo personificado nele – alguns anos mais velho, obviamente sem o mesmo espírito. É outra alma. Uma aura diferente, totalmente.
Mas este corpo me lembra você. E este corpo parece me querer. Mas ele não é você, então eu não o quero.
Seria a minha decadência.  
A realidade é triste, perturbadora, então vem a ilusão como uma válvula de escape. Mas ilusão parece, e pode, ser algo triste. Eu prefiro a imaginação, mesmo eu sendo uma imagem sem ação.
Eu sou isso. E isso me convém.
  



domingo, 24 de abril de 2011

Três

História estória dos três que se mistura. Que se misturam. Quem é um quem é outro? Quem é uma e quem é outro? Semelhanças e diferenças jogadas no liquidificador da vida, e do destino. Aquele que alguns dizem que não se escolhe.
Um desenrolar enrolado, que não tem fim. Que não teve ainda. O fim  vai sendo escrito, a cada novo encontro, a cada nova atitude, a cada nova música composta, tatuagem feita ou texto publicado.
Encontros, erros, tombos, porres, fumaça, cigarro, chocolate, desilusão ortográfica, gastronômica ou somente a boa e velha que envolve sentimentos.
Aquele, encontro, prometia.

Outono é uma estação duvidosa,  faz frio e calor no mesmo dia. Mangas compridas e regata. Amor e ódio. Saudade e tristeza.
Longe daquilo que a interessava, ela apagava-se do mundo. Ao seu redor, nada parecia ter importância. O contexto onde estivera acostumada, onde vivera o seu sempre, era agora desprezível. Por sua conta. E risco.
Ele consumia-se na ansiedade e nos cigarros. Como causa e efeito. Sua alma tinha formato de clave de sol.  Sozinho nas madrugadas afora, sua voz era sua escrava. Bem como seus dedos, que procuravam por uma nova melodia. Uma que agradasse, que fosse sincera e intensa. Que marcasse.
E ela queria reinventar. Sua vida, seu cabelo, sua casa. Sabia que a mudança era necessária mas não sabia como nem por onde começar. Sentia que faltava as ferramentas. Não adianta ter nas mãos um diamante e não saber lapidá-lo.
 Ele então, naquela noite de outono  cantava solitário pra uma pequena multidão, por amor e não pelo dinheiro. Queria ser ouvido. Ser lembrado, ou não ser esquecido.
Elas o ouviam. Separadamente, cada uma em uma mesa. Uma à frente do palco, prestando atenção em cada acorde tocado no violão e a outra um pouco mais atrás, disfarçadamente encolhida na cadeira.
Três existências completamente diferentes ali estavam, dividiam o mesmo ambiente. E não sabiam. Não sabiam-se.
 A que estava mais ao fundo notou que mais alguém, além deles, sabia a letra daquela canção. Impressionou-se. Aquela era uma canção linda e, quase, desconhecida mas não para eles, os três que ali estavam, no mesmo lugar, no mesmo ar.
 Quem explica esse cordão invisível que une as pessoas? Sim, por que não dá pra contar com a sorte, sair de casa pra comprar pão e encontrar alguém relevante que tomará tanta importância em sua vida e você nem se dará conta, tamanho envolvimento. Deve ter algo que une, e isso eu chamo de cordão invisível. Uma hora você se aproxima, atrai, encontra ou seja lá o que.

Envolvidos pela música e pelo desejo, suas vidas se entrelaçaram. Eram agora como um triângulo, que só existe tendo três. Não dá pra ter um a menos. Não pode, e eles não conseguiam.
Proporção sem tamanho, sem perceber estavam ali, juntos. Apesar de tudo, apesar do resto do mundo.
Até que chegaria o momento em que um deles perguntaria: o que estamos fazendo das nossas vidas?
Mas por que fazer perguntas que não tem respostas? E pior: com quem está a solução?

sábado, 16 de abril de 2011

amor. e amores.

O sofá tinha três lugares a serem ocupados mas apenas dois deles estavam realmente ocupados.
- Ei, por que você não deita em todo o sofá?
- Tô deixando um espaço pra você
- Tem lugar pra mim aqui, neste outro sofá..
- Mas eu estou neste aqui, e te quero aqui. Por que tem espaço, e eu quero você por perto.


Espaço. Não era bem uma disputa mas não dá pra negar o ar de batalha.
Uma nova batalha, todos os dias. Algo a ser conquistado todo dia. Dizem que isso é a reconquista diária, daqueles que sabem quem amam, que vivem juntos, construíram uma vida juntos. Uma nova conquista, diariamente, ainda assim.
Se não for assim acaba? Desgasta? Será?
Acostumar-se ao amor pode ser fatal. Amantes não deveriam acomodar-se. Por que aí ele, o amor, escapa, foge sem a gente perceber.
Ele foge, mesmo estando do lado de dentro.


- Toda vez que a gente briga e você vem dormir no sofá da sala, eu não uso a cama toda.
- Como assim?
- Eu deito numa metade, e a outra deixo vazia, com um travesseiro vazio e tudo.
- Nunca reparei nisso..
- É, sempre esperando que você volte. Que você venha e ocupe a metade da cama que eu reservei pra você.


Se parar pra pensar nas coisas que a gente não escolhe nessa vida, as que a gente pode –escolher- tornam-se insignificante. Ou quase isso.
Concordam que seria mais fácil escolher tirar alguém do coração do que escolher qual roupa usar?
Claro que para várias pessoas optar por uma peça de roupa é quase um Apartheid no vestuário.
Mas eu me refiro às normais. Mas eu também nego-me a definir normalidade.
Não sei se algum desses pensadores famosos conseguiu .
Normal é o maior exemplo de relatividade. Ganha disparado do tempo.
Então se eu disser que ninguém normal fala de amor, o que vocês pensariam de quem escreve sobre amor?

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Caos

Essa crise existencial cotidiana, que me persegue há tanto tempo.
Que mais me atrapalha do que ajuda. Ou seria o contrário?
Que faz pensar(até demais) e, as vezes, sofrer.
Tantas dúvidas, ta vendo?
Quando descubro quem sou não sei o que quero. Peraí, eu sei quem sou?
Quem eu sou? Quantas eu sou? Eu sou alguém? Eu sou alguém para alguém?
Como, então, saberei do que eu gosto? De quem eu gosto?

O caos vem reinando. Sinto-me acompanhada. Aliás, não estou sozinha nessa. Ele, o caos, tem aparecido em vários lares, para vários seguidores meus – e dele.
Somos fiéis servos do caos. Não que isso seja algo totalmente ruim. Nada é totalmente.
Ele traz inquietação, faz pensar. Pensar no outro, no que não volta, no que aconteceu e no que virá.
O caos não acomoda.

Esse misto de não saber, de querer ou não e de uma bela dose de caos vem habitando o meu eu. Vem me(des)construindo. Ensinando-me.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Cartas anônimas, parte I

Olá. =)

Escrever: 1. Pôr ou dizer por escrito. 2. Encher de letras. 3. Compor, redigir. 4. Ortografar.
Tantos significados para algo tão simples, cotidiano. Despercebido ato de escrever, rabiscar, anotar. Ou querer dizer alguma coisa, passar uma mensagem, divertir, ensinar, lembrar (-se).

Te dediquei tantas linhas. Escrevi uma vida que ninguém leu, com muitas palavras que nem vivemos.
Agora são como palavras mortas, ali naqueles meus cadernos, agora empoeirados, na estante.

Vontades escritas, sonhos escritos, raiva escrita. Você escrito. Descrito.
Inexplicável.
Não és digno de nenhuma das minhas pobres palavras arrumadas aqui. Então não somos dignos?
Mas esse foi o único jeito que eu encontrei de traduzir a vontade, a saudade, a angústia. Esse sempre foi o único jeito, não é mesmo? E é o melhor para mim.
Foi o que me fortaleceu e me fez mudar, durante todo esse tempo. Ah, eu mudei tanto. Alguém disse por aí que “é preciso mudar muito pra ser sempre o mesmo.”

Que arrepio dessas reviravoltas da vida. A última mostrou que eu realmente me fortaleci com o decorrer do tempo, mesmo com tantas pedras, espinhos, cicatrizes. Aqui estou.



“Te chamar de carta fora do baralho, descartar, embaralhar você, e fazer você...”


Até mais,
Mariana.

terça-feira, 8 de março de 2011

parede branca

É loucura querer escrever nas paredes? Tantas folhas de papel em branco por aí, tantas canetas e lápis espalhados, guardados. Por que, entao, escolher a parede? E bem aquele ao lado da cama, que protege da claridade e guarda as lembranças, as fotos coladas. A saudade emoldurada. Os que estão longe. E que não saem do lado de dentro.
Inspiradora parede branca. Não posso nela escrever.

Ela é minha?

Pensei até nos versos que seriam dignos de ficarem ali marcados, registrados. Drummond? Quintana? Não, nenhum deles. Sem dúvida escolheria o Caio. Por toda a perfeiçao que há.

Mas, por quê nao posso?




sábado, 26 de fevereiro de 2011

O menino da mochila

Usava sempre aquela mochila simples e azul desbotada pelo desgaste do tempo. Se ela tivesse vida com certeza usaria um creme anti rugas. Por mais que a mãe insistisse em compar-lhe uma mochila nova ele a contrariava: - Gosto dessa, combina comigo. O menino também era simples.

Passava perto do mar todos os dias para ir à aula. Bom observador que era, deixava sempre que a maresia o inspirasse.
Talves por isso escrevia tanto durante as aulas.
Porque vinha inspirado.
No caderno que ele tanto cuidava haviam tantas palavras soltas, citações e desabafos mas ninguém podia olhar. Tratava com raridade e uma ponta de timidez.Só ele e a mochila azul o possuíam.

Por falta de ter com quem falar escrevia, diziam alguns. Vendia até uma imagem de garoto distraído – que vive rabiscando papel. Ah, como estavam enganados.
Os colegas da aula até perguntavam e ficavam curiosos pelo o que ele tanto escrevia.
–É que estou sempre pensando. E não posso deixar o pensamento fugir. Escrever foi a maneira que encontrei de prendé-lo.

Aqueles ali não eram os seus amigos. Os seus verdadeiros amigos. Até gostava bastante de alguns mas os seus de verdade estavam perto do mar. Não desse mar por qual ele passava todos os dias. Um outro mar. Mais azul, com mais ondas.
E com mais atenção.
E mais amor.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Diário de um perdedor

Eu preciso de uma bebida forte mas tá calor demais pra tomar um café e eu indisposto o suficiente pra não aguentar os efeitos do álcool.
Resolvi então acender um cigarro. Fui até a sacada e vi umas estrelas lindas. que nada me diziam. Soprei toda a fumaça de nicotina pra elas, afim de que ficassem encobertas. Não consegui.

Nenhum canal de TV consegue me distrair. Nem pra aniquilar um pouco dos meus neurônios ela serve.
O cheiro do cigarro me encomoda profundamente. Abro o chuveiro e deixo as gotas d`água me encharcarem. Uma pena que elas não lavem a alma.
A embalagem de xampu podia agora ser um microfone para que eu contasse o que sinto com ritmo, melodia. Poucos entederiam, algumas até achariam bonito mas quem realmente prestasse atenção me compreenderia mas não saberia como me ajudar.
Eu que vivo dando berros silenciosos. E enlouquecedores. Não me faria entendido.

Sinto que, até hoje, minha história foi escrita a lápis. Que qualquer um com uma borracha roubaria de mim a parte que bem entendesse num simples gesto de apagar. Eu que tenho tantas canetas espalhadas pela casa.
Sou um perdedor até no sentido figurado de apagar, pois não tenho uma borracha. E não sei onde conseguir uma. Também não consigo mudar as coisas, esquecer a parte ruim e destacar as felizes.
Os outros me conseguem.
Eu não consigo-me.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Buscando inspiração

Entrou no carro e saiu dirigindo sem rumo. Assim, de súbito. Sem falar nada pra ninguém. Se é que ele tinha a quem comunicar.
Era janeiro. Comecinho do mês. Todas aquelas promessas de ano novo o tiravam do sério. Promessas alheias, pois ele não acreditava nessas coisas. E, a essa altura ele fazia questão de ignorar o calendário.
Força nenhuma o seguraria ali, naquele lugar, naquela mesma casa com aquela decoração, aqueles quadros.
Ele se resumia em uma palavra: agonia. Não possuía a receita para aliviá-la mas acreditava no poder do vento batendo no rosto enquanto dirigia em alta velocidade. A janela aberta e uns 110 ou 120 quilômetros eram suficientes.

5 horas da manhã. A rodovia estava deserta a uma hora daquelas. Sabia que o movimento aumentaria logo mais, com as pessoas se dirigindo a praia. Fazia muito calor.
Tentava enganar-se, achando que não tinha um rumo certo, que apenas estava pegando um ar enquanto andava de carro. Seus movimentos iam na direção do aeroporto. Ele querendo ou não. Evittando ou não. Lá no fundo ele torcia para que nao fosse tarde demais.
As boas novas não podiam ser boatos. Ela estaria de volta, sim. A dúvida era se ela havia voltado pra ele, por causa dele. Não queria lembrar o esquecido. Queria uma página em branco e os dois como personagens principais daquela história que só eles poderiam colocar um ponto final.
Mal podia acreditar que dali alguns instantes ela estaria novamente perto dela, que ele a veria novamente. Não conseguiu conter o riso amedrontado

Tinha noção de que sua saudade havia transformado-se em fixaxão. Quase doentia. Com tanta gente pelas ruas, nenhuma fazia diferença. Todas passaram a ser indiferentes, quase invisíveis.
Não, não poderia acabar assim. Um carimbo no passaporte não seria capaz de por fim em tudo o que tinham construido. Uma fortaleza.
A cada metro que se aproximava do aeroporto ficava mais atormentado.
Não preocupou-se com a aparência. Desceu do carro com a camisa amassada e o cabelo bagunçado. Um milhão de pessoas ali não seriam suficientes para que ele as notasse. O aeroporto parecia vazio aos seus olhos. Que procuravam por ela. E por mais ninguém.
Então surge ela, puxando sua mala de rodinhas. Do mesmo jeitinho tímido, o mesmo corte de cabelo, a mesma sombra no sorriso. Um sorriso só para ele, e mais ninguém.

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Tive a (infeliz) ideia de escrever um texto com inspiração nos Engenheiros do Hawaai, ou melhor, nas músicas deles. Em meio a um repertório tão extenso como escolher algumas músicas que pudessem resultar num texto?
Resolvi então escolher três pessoas conhecidas minhas e super fãs da banda. Entrei num site de letras de músicas, que para minha sorte estão enumeradas, e pedi que essas pessoas escolhessem dois números cada uma. Usei esses números pra selecionar as músicas. A aleatoriedade e a numeração do site, mais as escolhas dessas pessoas resultaram na inspiração bruta do texto.
Prefiro não revelar o nome das seis canções. Algumas estão bem perceptíves, principalmente pra quem curte a banda e conhece as letras.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Livro: Segunda Dose

Hoje eu quero indicar um livro. O romance chama-se Segunda Dose.


Um triângulo, quase quadrado, amoroso repleto de paixão, vícios, compromissos, trabalho, e, obviamente amor. É o tipo de livro em que você quer logo virar a página e saber como a narrativa vai se desenrrolar, saber o que vai acontecer. Sim, desperta curiosidade.
As mulheres personagens do livro são bem reais, dessas que se encontra por aí. Bonitas, problemáticas, obssessivas. O homem, apesar de tudo, é atrapalhado principalmente quando o assunto é sentimento.(mais uma proximidade com a realidade)

Eu tive a oportunidade de conhecer o Kelvim, autor do livro. Esse é o primeiro(de muitos!) livro dele.
Desejo muito sucesso na carreira de escritor, tamo junto, cara! Bora fazer literatura =D

Nesse site: http://www.segundadose.com/ vocês podem comprar o livro e acompanhar as outras coisas que ele escreve.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Vaidade(s)

A chuva que caía podia ser inspiradora, vista ali do alto da sacada do apartamento. Não lembrava-se da última vez em que tinha tomado um banho de chuva. Daqueles que purificam, revigoram. A falsa sensação de liberdade que a água do chuveiro proporcionava todos os dias nem se comparava com a água vinda dos céus. Ou do céu, vai saber..

A barra de chocolate não conseguia camuflar-se entre os pacotes de arroz e macarrão no armário. Preocupava-se com os quilos a mais, que nem fariam tanta diferença. Não os tinha, na realidade. Deliciar-se com o chocolate feria a vaidade. Mas será que tanto cuidado com a beleza era somente preocupação consigo ou era querer parecer bonita aos olhos alheios?
Por quê nao comé-lo, então?

Tinha fixação por esmalte vermelho. Achava lindíssimo. Sempre que ia à loja de cosméticos comprava no mínimo um esmalte vermelho. Mas suas unhas nunca foram coloridas. Um branco clarinho, Renda, no máximo. “Não tenho mais idade pra essas coisas”, afirmava.
E todos os esmaltes vermelhos ficavam guardados numa caixa no armário do banheiro. Comprava e os colocava lá. Nunca ousou testar a cor nas unhas.

Passou grande parte do seu tempo assim: sem sentir prazer gastronômico ao comer uma barra de chocolate, não ousava pintar as unhas da cor que tanto gostava. E não tomava banho de chuva. E tantas outra coisas, outros prazeres que ela mesmo se privava.
Desperdício de inspiração. Fechou a porta da sacada e foi dormir. Enchuta, com fome de chocolate e de unhas brancas.

“Diante dessa profusão de descobertas, acho mais seguro não mudar de hábitos.”
Essa podia ser a sua “sorte de todo dia”, escrita por Martha Medeiros.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Necessidade material

Assistindo a um programa de televisão (abraço pras minhas férias que me proporcionam momentos assim) três mulheres e um homem discutiam, dentre outros assuntos, sobre necessidades materiais, com uma pitada de consumismo. E então surgiu a pergunta: “quais os cinco objetos que você não consegue viver sem?”

Imediatamente eu respondi três coisas: o óculus(sou míope até debaixo d`água), algo pra prender o cabelo, a vulgarmente chamada de piranha, que incomoda um bocado agora no verão e o computador, meu fiel companheiro. Eu o amo mesmo sem internet hahaha.
Influenciada pelas mulheres do programa, de TV, pensei no cartão de crédito – que é bem útil(consumismo à parte) e pode quebrar vários galhos. Mas eu não lembraria dele se não fosse por elas.
O homem, que também estava ali no programa, falou da imagem de uma santa que leva sempre consigo.

Como uma mulher normal, carrego vários objetos na minha bolsa. Eles não saem de lá e eu não saio sem eles então eles deveriam ser fundamentais, né?
O mais importante desses objetos, da bolsa, talvez seja uma caneta. Tecnologia pode falhar, pifar, não ter sinal, acabar a bateria. A caneta permace soberana nesse quesito. E na falta de ter onde escrever utiliza-se o corpo(que atire a primeira pedra quem nunca escreveu um lembrete na mão).

E pra você, quais são os objetos que sem os quais você não viveria?

domingo, 9 de janeiro de 2011

Fartura

-Será que é exagero? O que você acha?
-Extravagância.
-Ai, não quero pensar em arrependimento..
-Na hora você achou digno. Achou que precisava mesmo de tudo aquilo. Foi lá e fez.
-Pensei que necessitava de muito pra me satisfazer. Esbanjar, sabe? Aquilo que você queria muito quando era criança e não podia por que sua mãe nao deixava. É quase isso.
-Liberdade permite essas coisas, de certa forma essas luxúrias hahaha.
-Foi mais forte que eu. Essa variedade de cores, tamanho, consistência.
-E sabor, né.
-Claro! gosto é fundamental.
-Achei que não daria conta, que não caberia.
-Você sempre consegue dar um jeitinho que eu sei. Mas parece que quer sempre mais..
-Insasiável?
-Ui hahaha
-Não pensei nas consequências. Tava com vontade. Com várias vontades..
-Se empolgou logo de cara
-Sai pegando mesmo!
-E esse cheiro irresistível, hein?
-Tentador.
-Quanto mais perto se chega mais vontade dá.
-Eu gosto daqui, desse lugar. É arejado e o atendimento é bom.
-As opções então, nem sem fala.
-Precisamos de uma coca-cola pra digerir tudo isso. Você aceita?
-Não consigo engolir mais nada. Essa churrascaria vai me deixar sem fome durante boas horas.
-Sem esquecer do buffet livre.
-É!
-Não quer nem um cafézinho?
-Não, obrigada.