quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

da saudade

Senti saudade
e me senti covarde
Mas quem pode dizer  
que não posso sentir isso?
Se sou eu quem sofro
e eu quem sinto.
Sinto muito.
Te sinto.
Tua falta.
Te quero.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

sofá

Estupidamente sentada no meu sofá foi tudo o que fiz e sonhei durante todo o tempo que estive nessa cidade. Se eu fosse um objeto, seria este sofá. Ele é feio e alaranjado, mas passei tanto tempo dele, tem tanta coisa minha em cima dele, que ele bem me representa.
Aqui eu sonhei com dias melhores, estudei tantas coisas sem sentido, tanto papéis e bundas e lágrimas passaram por aqui. Aqui me dei conta, tantas vezes, da mediocridade em que eu me encontrava, da medíocre solidão, regrada a auto depreciação por que otimismo foi algo que nunca acreditei. Me fodi tanto que essa palavra até perdeu o significado pra mim.
Aqui sonhei em ser alguém na vida, em ter um lugar no mundo. Reclamei do salto da vizinha, fiz várias refeições. Virei café, dormi e passei mal também.
Eu tocaria fogo nesse sofá.
Agora estou, novamente, num desses momentos de mediocridade, em que eu poderia estar fazendo qualquer coisa – lendo um livro, assistindo alguma coisa, estudando. Mas nem musica estou ouvindo. Não estou fazendo absolutamente nada. Talvez essa seja uma das definições para a expressão “viajando” que os jovens gostam tanto de usar.
Sou uma viagem. Uma bad trip, talvez.
A cada dia, me reconheço mais, e isso é bom. Apesar das incertezas, me reconheço. Apesar da solidão também, que parece não ter fim, parece realmente fazer parte de mim. Até me identifico.
Mas uma pessoa não passou por aqui. Não conhece esse sofá, e talvez não mais me conheça, ou não me reconheça. Pois é, você. 

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Descasado

Ele era desses fumantes não assumidos. Gostava de um cigarro quando estava bêbado em alguma festa, ou quando muito ansioso. Naquele momento, nenhuma dessas justificativas servia para explicar a fumaça que subia ao céu, e que antes passava pelas narinas arrebitadas de alguém que não tem mais tanto fôlego.
As luzes da sala estavam todas acessas, e enquanto ele fumava observava os carros que chegavam ao condomínio. Havia varias luzes acesas no prédio da frente. Escutou gritos de gol e ficou pensando se seriam da Copa do Brasil ou do Campeonato Brasileiro. Quarta é dia de futebol.
Na metade do cigarro ela chega e o abraça por trás, fechando os braços na barriga saliente dele, que agora preguiçoso e atarefado não ligava mais para o peso corporal. Ele não reagiu ao afeto, apenas abaixou a cabeça e continuou fumando.
- Não dá mais pra mim, ele disse.
Vira-se de frente para ela, que sorri e não entende o que ele está querendo dizer.
- Não consigo. Não dá mais.
- Você está me assustando..
- Não posso casar contigo.
.
Enquanto ele colocava algumas peças de roupa na mochila, ela chorava desesperadamente sentada no chão da sala.
- Vou para a casa da minha mãe hoje. Depois não sei. Talvez eu vá embora.
- Não acredito no que está acontecendo. Tais ficando maluco?
Ele novamente abaixa a cabeça, confere se o isqueiro está no bolso da calça e sai sem bater a porta. A única certeza que ele tinha no momento é de que não voltaria mais àquele apartamento.
Saiu caminhando pela rua, a noite estava bem nublada e não dava para ver nenhuma estrela. Pegou o celular e procurou um contato na agenda. Há quanto tempo aquele número estava salvo ali? Sem hesitar, apertou no botão “ligar” e ouviu somente a gravação: “este número não existe”. 

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

do amor nas relações:

Queria uma maneira de expressar
todo esse sentimento contido
nos dias de ausência.
Meia hora, uma refeição
café, compras, compromissos.
E tudo parece como sempre foi
como é, e não deixará de ser,
por mais que o tempo passe.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Dica: ler ouvido Lua e estrela, do Caetano Veloso.

Por não saber o que fazer,
fiz uma poesia.
Na esperança de que me leias,
mantenho a escrita
no papel, na parede, na pele,
quem sabe eu te encontro..

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Uma lua que sorri
para todos aqueles que,
todos os dias,
passam por debaixo dela
e não estão nem aí
Quantos sorrisos são desprezados
por que estamos muito ocupados
perdendo o sorriso
por outra coisa
ou outro alguém

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

À tarde

Pensando em ti
perdi o guarda-chuva.
Pensando em outro alguém
comprei um livro.
Quantas coisas faço
pensando no outro?

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Há cadeiras onde não se pode sentar
onde apenas alguns podem estar.
Não é pra qualquer um, dizem
É para quem, então?
Pra vocês, que tem ideias tão modernas?
Ou pra mim, que, assim como muitos,
gostaria de estar aí, deste lado
mas que, por mais que tente,
nunca irá conseguir?
Com lados limitados, é preciso escolher apenas um
não vale estar em cima do muro.
Por que o muro é derrubado,
apedrejado.
E nós?
precisamos estar encorajados.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

mudamos

Não sei onde encontrar conforto, nem o que comer. Não sinto fome, nem frio, nem vontade. Um vazio inexplicável toma conta de mim. Não sei se eu sei lidar com ele. As lembranças começam a se tornar boas recordações do passado, a saudade começa a doer - e a sensação de que estes momentos não voltarão. De que o que volta é a vida normal, a rotina. Alias, é a rotina que me faz seguir em frente, que me faz levantar da cama todos os dias para ir a uma aula chata ou fazer algo desagradável. Se não fosse por ela talvez eu não conseguiria. Por que a rotina também me faz lutar, me faz querer fazer as coisas de um jeito diferente, me faz querer mudar. Me mudar, mudar os outros, para aí mudar o mundo. Faço tudo isso, todos os dias, para viver momentos de plenitude, num futuro que eu espero não demorar muito para chegar, e acontecer novamente. 

domingo, 30 de junho de 2013

Amor gritante

Quero gritar bem alto
mas não um grito de gol,
muito menos um grito de dor.
Queria que você me ouvisse
se eu gritasse bem alto.
E com isso entendesse
que estou pensando em ti
novamente.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Quando eu consegui olhar nos teus olhos, descobri que eles são verdes.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

poeminha matinal

Tenho comido tanta besteira
muita bolacha e pouca comida caseira
Tenho feito tudo errado
sinto falta de você ao meu lado

sábado, 15 de junho de 2013

Em órbita

Dois mundos bem diferentes
tem como se juntar?
Como ser atraente
se a dúvida vem
a cada pestanejar?
Eu aqui, tão perto
não consigo nem te olhar
pois esse olhar dá medo
mesmo quando meus olhos
veem a realidade
sem precisar sonhar.

terça-feira, 28 de maio de 2013

talvez essa morte no olhar
reflita minh'alma
e mostre o que ninguém parece perceber
não sei se o desespero está demonstrado
sei que estou desmoronando
um pouco por dia, gota a gota
desse sangue que me mantem viva
e que esquenta quando você está por perto

terça-feira, 14 de maio de 2013

Delírios somem?


Depois de um dia longo, de muito trabalho, de conquistas e reconhecimento, entro no meu condomínio, troco algumas palavras com o porteiro, e sigo meu caminho, pensando no meu chuveiro e no que eu ia comer na janta.
Primeiramente que o dia foi atípico. Mais de dois meses trabalhando num projeto, e, ao vê-lo saindo do papel, é de emocionar. Ainda mais quando tudo dá certo. Ao menos no primeiro dia, dos três que virão pela frente.
Exausta, sem conseguir pensar em mais nada direito, queria um aconchego. Era nisso que eu pensava também, enquanto caminhava para casa. Um abraço, algumas palavras, atenção. A nota mental foi: lutar por isso, independentemente. Sim.
O dia passou, e eu não fiquei. Não tive tempo de pensar em outras coisas a não ser os compromissos. Isso é bom, me faz seguir em frente, em dar um passo de cada vez, rumo a uma superação elevada que estou buscando. Não é fácil lidar com as pessoas. Também não deve ser fácil lidar comigo.
Abaixo a cabeça, e já no topo do meu morro minha visão embaça, vejo algo se mexendo na minha frente. Parecia um cachorro vindo em minha direção. Porém, não existem cachorros de fogo (sim, eu estava vendo algo transparente, pegando fogo). Aquele corpo indefinido, nem sombra nem delírio. Alucinação, talvez. Eu estava alimentada o suficiente para isto ser uma crise de hipoglicemia. Senti um pouco de medo. O vulto,= (parece conveniente chamar assim) ficou durante uns dois segundos a frente dos meus olhos. Eu não parei de caminhar, e ele desapareceu. Nem saiu da minha frente, nem foi pros lados. Sumiu. 

domingo, 5 de maio de 2013

porto alegre

Na minha cama fria
tento escrever uma poesia
tão ruim quanto este domingo

Esse dia pode ser bom
para alguém, talvez para mim.
Bebo, então, um café pra esquentar.

O pensamento está bem longe
o corpo aqui, atirado como uma roupa suja
Quero gente nova.

Um lugar novo dá esperanças
e medo também.
Mas quem explica este brilho no olhar?

O café esfriou,
o esqueci na xícara, não bebi.
Deveria eu esquecer você também.


segunda-feira, 22 de abril de 2013


afeto 
a.fe.to 
sm (lat affectu) 1 Sentimento de afeição ou inclinação para alguém. 2 Amizade, paixão, simpatia. adj 1 Afeiçoado. 2 Entregue ao estudo, ao exame ou à decisão de alguém.


Afetada
Afastada
O meu afeto me afetou é fato, parafraseando Teatro
Mas aqui não tem nada de mágico.

sábado, 20 de abril de 2013


Dia lindo de sol, disse minha mãe no telefone. Eu fechada dentro do quarto, embaixo das cobertas como se fizesse frio. Como se em todos os outros dias eu não ficasse fechada dentro de algum lugar, com paredes, como se amanhã não fosse ser assim também.
Tenho preguiça de levantar e pegar outra xícara de café na cozinha. Cafeína é o que tem me alimentado nos últimos tempos. Ao invés de achar isso ruim, agradeço por ser esta substância, e não alguma outra pior.
Ouvi Apanhador só, depois de muito tempo sem nem abrir a pasta com o CD deles, mas esquecer de dar play.  Esquecido eu tinha era do que essa banda me lembra. Ao menos, do que eu deveria ter esquecido, deixado morto no passado.
Não estou em tempo de nostalgia, credo.
Só queria sair de casa, aproveitar o dia bonito na rua, quem sabe ver o por do sol. Com alguém. 

segunda-feira, 15 de abril de 2013

brainstorm poético


Aquele bordão “um dia bom é a gente quem faz”. Nem sempre é assim. Deveria ser, mas não é. Cada dia depende de uma coisa, de alguém.

Hoje foi um bom dia. Foi um dia doce.

Coisas que eu não sei explicar, e que eu nem sei se tem explicação.
Queria alguém para me orientar, para me dizer que é assim mesmo, ou que estou fazendo tudo errado. Ilusão a minha achar que alguém sabe dessas coisas.

Pessoas são acúmulos de vivências. 

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Mesma


Não querer estar ali
e não ter para onde fugir.
Um clima gostoso de outono,
ventinho batendo
e o sol sem esquentar tanto
Querer estar só
mas sentir-se
somente só

Devia ter saído mais cedo,
feito um café, deixado um bilhete e ter saído.
Não ter insistido
Nem sentido
Mas só sei sentir
Queria parar de ser assim
De ser eu
Somente eu

domingo, 7 de abril de 2013

Dor



Desacreditada
Desesperada
Desesperançada
Desgraçada
Demais 

quinta-feira, 28 de março de 2013

brigadeiro com bolacha

Lembrar e não sentir saudade
é inevitável,
inimaginável.
Por ser tão amável
não desisti, nem perdi
soltei.

terça-feira, 5 de março de 2013

seu Olívio



Não lembro de muitos detalhes do seu Olívio, meu avô. As lembranças foram bastante apagadas com o tempo.
Ele tinha um bigode branco, usava óculos e só saia de chapéu. Uma das pessoas mais simples que conheci. Um enorme coração, que, num belo dia parou de bater. Mas não foi em qualquer dia. Seu Olívio, meu avô, morreu no dia do aniversário da minha mãe – filha dele. Tempos tristes aqueles. Não comemorávamos o aniversário dela, somente a morte era lembrada. Chorávamos a perda, a ausência era muito sentida.
Hoje, vários anos depois, eu quase não lembrei que ele morreu no dia do aniversário da minha mãe. O tempo amenizou o sentimento da morte.  Comemoramos o aniversário, sem muitas festividades, mas a vida é lembrada, agora, antes da morte.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

eu ou a cama

Sangue que não é meu
suja a minha cama
que quase sempre vazia
não sabe que santo chama

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Todas as folhas voaram
os pássaros bateram asas
e eu fiquei.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

No meio do "quem sou eu?"
me perdi
me desconstruí.
Mal entendia que
para saber quem realmente sou,
era preciso
um choque de realidade.
Sair do meu mundo
para descobrir o mundo.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013


Deitei na cama, no escuro da noite
a inspiração veio.
Versos prontos.
Garanti que eu não esqueceria.
Não anotei e dormi.
Cadê a poesia?