domingo, 27 de abril de 2014

Um motivo para chorar

O tempo vai passando e eu não tenho tempo para pensar em algumas coisas. Talvez eu finja não ter tempo em alguns momentos, fujo dos meus próprios sentimentos, e da minha própria vida. Refugio-me nos compromissos cotidianos, no trabalho, no meu ter o que fazer. Mas em alguns momentos de um imenso vazio, nada adianta. Fico encarando o chão, ignorando a música que está tocando ou as pessoas que estão ao meu redor. Viajo para outro mundo, um universo paralelo onde só existe eu e as minhas ideias, o meu querer.  E aí vem a vontade de chorar. Mas não posso. Então alguém me chama e  pede para cortar uma cebola. Um choro em paz e com motivo. Depois disso posso continuar a viver neste poço imenso e fundo de mim mesma. 

terça-feira, 1 de abril de 2014

Meus pedaços por aí

Eu estava apoiada na minha janela, lutando contra o vento para conseguir acender um cigarro de palha. A moça do prédio da frente ouve Cidadão Quem, e a minha vontade é de pedir para que ela desligue o som, se não vou chorar. Porem, não sei se tenho lagrimas para derramar. A ansiedade não me permite nem o choro. Não me permite a concentração, a fome, a leitura, nem o gozo.
Quero, e quero agora. E não sei lidar. Atropelo tudo e todos. Quero ser vista porem nada que é tão fácil assim tem graça, eu sei.
Mas não sei. Não consigo lidar. Outros sentimentos foram mascarados. Não sinto mais saudade de quem até ontem me assolava o coração. Não sinto mais algumas vontades.
Alguém levou meus sentimentos. Não sei o que fez com eles, talvez não tenha feito nada. Talvez muitas pessoas tenham levado. Dei um pedaço do meu coração para muita gente por aí. Gente que eu julgo valer a pena, que doeu ter cada pedaço de mim mesma, arrancado por mim mesma.  Não sei o que fizeram com esses pedaços de mim que agora estão por aí, soltos ao vento, largados num canto qualquer, oxidados com a maresia, ou empoeirados com o esquecimento. Talvez tenha vendido pra uma loja de objetos usados. E um coração de quem você não sabe quem é não tem valor algum. Ficará lá exposto e degradando.
Enquanto isso eu fico aqui, esperando por algo acontecer, me atrapalhando entre os acontecimentos e fatos. Sonhando com uma realidade quem nunca vai existir.
Queimo o dedo com o isqueiro, desisto do cigarro e fecho a janela para não ouvir mais nada. 

domingo, 30 de março de 2014

O mosquito de domingo

Tem um mosquito na minha sala
não o vejo, 
apenas ouço suas asas.
Apago as luzes e ainda escuto.
No escuro, ele vai embora.
Assim como o domingo,
que sempre voa.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Ilusória

Acendo um cigarro e um incenso e penso que essa paz que sinto agora é a paz que eu busquei nos últimos dias. As férias foram terrivelmente longas, e não sei quanto tempo vou demorar até me organizar novamente. Tô perdida.
Perdi a inspiração para esses poemas de amor vazio que eu vinha escrevendo, perdi a perspectiva ilusória que eu estava alimentando dentro da minha cabeça. Muito do mundo virtual de hoje colabora para que eu pense, e imagine, assim. Muita coisa só acontece dentro da minha cabeça. Arrisco a dizer que as coisas mais legais acontecem somente dentro da minha cabeça.
Por outro lado, sou uma folha em branco. Qualquer um pode vir e fazer um risco, um desenho, escrever alguma coisa. Isso faz com que eu não idealize nada, que viva mais a realidade e para de sonhar. Aliás, o quanto de realidade eu realmente vivo?

quinta-feira, 6 de março de 2014

Meu amor é teu

Não existe distância para muita coisa.
Pro amor, por exemplo:
Há quantos quilômetros tens que estar
para sentir que estou ouvindo essa música
e pensando em ti?
E se eu disser que lembro do teu cheiro?
do teu jeito, da cor do teu cabelo,
será que vais acreditar?
Quanto de mim ainda está aí?
Quanto eu preciso que esteja?
Quando vens pra perto de mim?
Quando vai ser pra sempre,
Vai ser todo dia?
Quando não vai ser saudade?

quarta-feira, 5 de março de 2014

A vela que não te leva

Eu gosto de velas perfumadas, coloridas. Mas nunca as acendo, mesmo sabendo que podem liberar um cheiro gostoso. Tenho pena de queimar. Elas acabam tão rápido!
Não que eu faça algo com elas apagadas, por que nem para decoração as uso. Não faço nada, nem acendo. 

Não esqueço.

É como ter o teu numero de telefone salvo na minha agenda. Ele está ali, apenas. Não te ligo, nem mando mensagem. Por tanto tempo, e tantas vezes, fiz isso. Em muitas vezes me arrependi depois de já ter apertado o botão enviar. Tarde demais. Mas nem arrependimento eu sinto mais, por que não nos falamos. Não há comunicação.

Se eu acender uma vela, e me arrepender depois, ainda posso assoprar bem rápido, apagar o fogo, preservar a vela. Ela vai ficar diferente; o pavio vai ficar preto, e vai ficar um cheiro de fumaça no ar, mas a vela ainda será bonita e cheirosa se eu a apagar a tempo. Já uma mensagem enviada não tem volta, não há o que fazer. Bem como um toque no telefone, ou um único sinal de chamando já é suficiente para estragar tudo. Para transformar o silencio em recordação.


Acho que não lembro mais como é o som da tua voz.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A nossa casa

Nós vamos morar numa casa grande, meio que uma cabana, com vidros. No meio do mato, mas perto da cidade. Não conseguimos viver muito longe de um supermercado grande, ou de uma livraria. Mas não seremos escravos do consumismo.
Na nossa casa não vai faltar café, nem flores vivas e coloridas. Tens cara de quem gosta de cuidar de jardim. Caetano Veloso seria o número um de todas as playlists tocadas na nossa casa.
Iriamos danças felizes nos fins de tarde, pra relaxar depois de um longo dia de trabalho. Teríamos um cachorro, por que sei que gostas demais de todos eles. Mas teria que ser um grande, por que eu gosto de cachorro grande.

Até onde os sonhos se tornam realidade?

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

(para a) Flor

Tem pessoas que vão embora todos os dias. E todo novo dia parece uma descoberta, uma reconquista. Em certo ponto, é bom. Não cai na mesmice, há menos chance de perder. O Cicero diz que a gente deixa de cuidar o que já tem na mão – e eu concordo com ele.

Estou desacreditada nesse negocio de que o amor é bem maior. Talvez falte amor na minha vida e por isso eu esteja pensando isso, quando no fundo o que realmente quero é estar errada, e mudar de opinião com relação a isso.

Mas tem gente que eu consigo amar todos os dias. Que eu descubro que amo todos os dias. Quando desisto, ressurge. Quando não quero acordar, vem o abraço de bom dia. Por que a vida sempre continua, o sol sempre nasce de novo, mesmo quando os dias parecem bem nublados, quando todas essas nuvens encobrem a tristeza da distancia. 

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Eu abri uma cerveja e fiquei olhando para fora, para as luzes da rua, para a noite. Olhei para o lugar onde moravas, pois eu consigo vê-lo da minha janela agora, e é inevitável não lembrar. Ainda mais num dia como hoje.
Se eu pudesse fumar, acenderia um cigarro e assopraria toda a fumaça na direção do teu prédio.
Se eu pudesse falar, diria que gosto de ti como nunca gostei de outra pessoa na vida, que es único. Por que eu sempre falei, ou quis falar, isso mesmo que tu já soubesses.
Hoje não somos mais os mesmos. Mas será que ainda tem alguma coisa? Não diria que restou algo, por que restos surgem quando algo termina. E não dá pra terminar o que nunca começou.
O amor pode se transformar em tantas coisas, não é mesmo?
Queria saber no quê nos transforamos.
Repare que sempre escrevo como se alguém estivesse me lendo. E talvez tenha mesmo. E em muitas situações o leitor especial que eu gostaria de ter é um sujeito diferente. Bem diferente. Sujeitos e sujeitas. Quando escrevo pra ti, escrevo para o vazio. Para o nada.
Um dia ainda te pergunto se me lês.

Um dia. 

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

quem me inspira?

Comprei canetas novas
Tentei escrever em outros lugares
Tudo para incentivar a inspiração
De nada adiantou.
Nem uma risco saiu.
Há quanto tempo dura essa seca?
Onde estão as letras, as linhas
E a inspiração?

Cadê você?