sábado, 16 de abril de 2011

amor. e amores.

O sofá tinha três lugares a serem ocupados mas apenas dois deles estavam realmente ocupados.
- Ei, por que você não deita em todo o sofá?
- Tô deixando um espaço pra você
- Tem lugar pra mim aqui, neste outro sofá..
- Mas eu estou neste aqui, e te quero aqui. Por que tem espaço, e eu quero você por perto.


Espaço. Não era bem uma disputa mas não dá pra negar o ar de batalha.
Uma nova batalha, todos os dias. Algo a ser conquistado todo dia. Dizem que isso é a reconquista diária, daqueles que sabem quem amam, que vivem juntos, construíram uma vida juntos. Uma nova conquista, diariamente, ainda assim.
Se não for assim acaba? Desgasta? Será?
Acostumar-se ao amor pode ser fatal. Amantes não deveriam acomodar-se. Por que aí ele, o amor, escapa, foge sem a gente perceber.
Ele foge, mesmo estando do lado de dentro.


- Toda vez que a gente briga e você vem dormir no sofá da sala, eu não uso a cama toda.
- Como assim?
- Eu deito numa metade, e a outra deixo vazia, com um travesseiro vazio e tudo.
- Nunca reparei nisso..
- É, sempre esperando que você volte. Que você venha e ocupe a metade da cama que eu reservei pra você.


Se parar pra pensar nas coisas que a gente não escolhe nessa vida, as que a gente pode –escolher- tornam-se insignificante. Ou quase isso.
Concordam que seria mais fácil escolher tirar alguém do coração do que escolher qual roupa usar?
Claro que para várias pessoas optar por uma peça de roupa é quase um Apartheid no vestuário.
Mas eu me refiro às normais. Mas eu também nego-me a definir normalidade.
Não sei se algum desses pensadores famosos conseguiu .
Normal é o maior exemplo de relatividade. Ganha disparado do tempo.
Então se eu disser que ninguém normal fala de amor, o que vocês pensariam de quem escreve sobre amor?

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