Estupidamente sentada no meu sofá foi tudo o que fiz e
sonhei durante todo o tempo que estive nessa cidade. Se eu fosse um objeto,
seria este sofá. Ele é feio e alaranjado, mas passei tanto tempo dele, tem
tanta coisa minha em cima dele, que ele bem me representa.
Aqui eu sonhei com dias melhores, estudei tantas coisas sem
sentido, tanto papéis e bundas e lágrimas passaram por aqui. Aqui me dei conta,
tantas vezes, da mediocridade em que eu me encontrava, da medíocre solidão, regrada
a auto depreciação por que otimismo foi algo que nunca acreditei. Me fodi tanto
que essa palavra até perdeu o significado pra mim.
Aqui sonhei em ser alguém na vida, em ter um lugar no mundo.
Reclamei do salto da vizinha, fiz várias refeições. Virei café, dormi e passei
mal também.
Eu tocaria fogo nesse sofá.
Agora estou, novamente, num desses momentos de mediocridade,
em que eu poderia estar fazendo qualquer coisa – lendo um livro, assistindo
alguma coisa, estudando. Mas nem musica estou ouvindo. Não estou fazendo absolutamente
nada. Talvez essa seja uma das definições para a expressão “viajando” que os
jovens gostam tanto de usar.
Sou uma viagem. Uma bad trip, talvez.
A cada dia, me reconheço mais, e isso é bom. Apesar das
incertezas, me reconheço. Apesar da solidão também, que parece não ter fim,
parece realmente fazer parte de mim. Até me identifico.
Mas uma pessoa não passou por aqui. Não conhece esse sofá, e talvez não mais me conheça, ou não me reconheça. Pois é, você.
Mas uma pessoa não passou por aqui. Não conhece esse sofá, e talvez não mais me conheça, ou não me reconheça. Pois é, você.
Lindo, Milgs!
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