terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Café da manhã

Ele tomava banho enquanto ela preparava o café da manha para eles.
Não fazia sol naquela manha cinza e fria, lá fora. O clima dentro de casa era agradável para ficar de meias.
- Ouvi barulho lá do banheiro, o que você está aprontando?
- Bom dia. Estou preparando nosso café da manha.
Ele abraçou-a pelas costas pois ela estava virada para a pia fazendo a massa dos waffles. Ela pode sentir o cheiro de banho tomado dele e dar um beijo na cabeça com cabelos úmidos.
- Você gosta de café com açúcar?
- Gosto, mas não muito doce.
- Fiz waffles pra gente, espero que tenham ficado bons. Não tenho muita prática com a medida da farinha.
- Eles estão ótimos! segurou na mão dela e sorriu.
Aquele gesto de carinho era uma grandiosidade visto que ele não costumava praticar o amor por aí.
- Há tanto tempo não recebo um mimo que nem sei se sou digno de..
- Como assim? perguntou ela
- Você me recebeu em sua casa, me ouviu teve paciência comigo e tudo isso com sinceridade. As pessoas não me tratam desse jeito, muito pelo contrário..
- Deve ser o ar de superioridade que você transmite.
- Não sou acessível?
- Até onde você se deixar ser?
Na noite anterior aos waflles eles haviam conversado durante um bom tempo no sofá da sala.
Dela.
Cazuza conta melhor do que eu essa parte: “Quando a gente conversa contando casos, besteiras. Tanta coisa em comum deixando escapar segredos E eu não sei que hora dizer
Me dá um medo, que medo”
Ela aproximou-se dele, segurou na mão e começou a fazer carinhos delicados e a brincar com os dedos dele.
Beijaram-se lentamente.
Sem pudor, sem malicias, com toda o carinho que pode existir.
Passava da meia noite e o sono apareceu.
Ele, com a cabeça encostada no sofá, aparência cansada.
- Você quer dormir aqui?
- Mas..eu não..
Ela interrompeu-lhe a fala com um beijo
- dormir. Tem lugar pra você aqui.
- É, tem o sofá.
- Na minha cama tem espaço suficiente pra nós dois.
- Você tem certeza? Não se importa?
- Não. Vai ser como se estivéssemos sentados aqui, a única diferença é que estaremos confortavelmente deitados.
Ele deitou no lado da parede.
Ela foi depois. Apagou as luzes, fechou as cortinas e deixou apenas a luz da cabeceira acesa.
Virou-se de lado na cama e ficou a olhá-lo.
Ele sorriu um sorriso envergonhado, sentindo-se um pouco intruso ali.
Ela então encostou a cabeça no ombro ele, mãos dadas e a outra mão dela a acariciar-lhe os cabelos.
- Feche os olhos e tente dormir.
O cheiro dela fazia ele se sentir incrivelmente bem, por menor que fosse o tempo que o sentisse, por pouco que a conhecia. Um cheiro bom, do bem. De fazer bem.
Aquele jeito envolvente sem ser invasor o encantou. Era o que ele precisava. Pra pegar no sono envolvido numa mulher.
Quando ele adormeceu ela deu um sorrisinho, virou-se para o outro lado, puxou o edredom e dormiu.
- Pode parecer egoísmo mas me pergunto por que você esta agindo desse jeito comigo. Por que esta fazendo tudo isso pra mim?
- Quero deixar claro que não tenho nenhum interesse maior agindo dessa maneira contigo.
- Não, não! Desculpe se pareceu que eu quis dizer isso. Longe de mim! É que..
- Como você se sente?
- Me sinto vivo! Tive varias mulheres nessa vida. Na real, nenhuma delas foi realmente minha. E essa sua sinceridade ate me assusta.
- Eu quero que você se sinta bem, ao menos um pouco melhor do que quando chegou aqui.
- Me sinto como uma pessoa de verdade! com carne, osso,pele, olhos e boca! Você me deu um sopro de vida!
Ela sorriu puramente, com um ar de satisfação.
- Tão bom transmitir e pode ser compreendida (!)

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