domingo, 30 de março de 2014

O mosquito de domingo

Tem um mosquito na minha sala
não o vejo, 
apenas ouço suas asas.
Apago as luzes e ainda escuto.
No escuro, ele vai embora.
Assim como o domingo,
que sempre voa.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Ilusória

Acendo um cigarro e um incenso e penso que essa paz que sinto agora é a paz que eu busquei nos últimos dias. As férias foram terrivelmente longas, e não sei quanto tempo vou demorar até me organizar novamente. Tô perdida.
Perdi a inspiração para esses poemas de amor vazio que eu vinha escrevendo, perdi a perspectiva ilusória que eu estava alimentando dentro da minha cabeça. Muito do mundo virtual de hoje colabora para que eu pense, e imagine, assim. Muita coisa só acontece dentro da minha cabeça. Arrisco a dizer que as coisas mais legais acontecem somente dentro da minha cabeça.
Por outro lado, sou uma folha em branco. Qualquer um pode vir e fazer um risco, um desenho, escrever alguma coisa. Isso faz com que eu não idealize nada, que viva mais a realidade e para de sonhar. Aliás, o quanto de realidade eu realmente vivo?

quinta-feira, 6 de março de 2014

Meu amor é teu

Não existe distância para muita coisa.
Pro amor, por exemplo:
Há quantos quilômetros tens que estar
para sentir que estou ouvindo essa música
e pensando em ti?
E se eu disser que lembro do teu cheiro?
do teu jeito, da cor do teu cabelo,
será que vais acreditar?
Quanto de mim ainda está aí?
Quanto eu preciso que esteja?
Quando vens pra perto de mim?
Quando vai ser pra sempre,
Vai ser todo dia?
Quando não vai ser saudade?

quarta-feira, 5 de março de 2014

A vela que não te leva

Eu gosto de velas perfumadas, coloridas. Mas nunca as acendo, mesmo sabendo que podem liberar um cheiro gostoso. Tenho pena de queimar. Elas acabam tão rápido!
Não que eu faça algo com elas apagadas, por que nem para decoração as uso. Não faço nada, nem acendo. 

Não esqueço.

É como ter o teu numero de telefone salvo na minha agenda. Ele está ali, apenas. Não te ligo, nem mando mensagem. Por tanto tempo, e tantas vezes, fiz isso. Em muitas vezes me arrependi depois de já ter apertado o botão enviar. Tarde demais. Mas nem arrependimento eu sinto mais, por que não nos falamos. Não há comunicação.

Se eu acender uma vela, e me arrepender depois, ainda posso assoprar bem rápido, apagar o fogo, preservar a vela. Ela vai ficar diferente; o pavio vai ficar preto, e vai ficar um cheiro de fumaça no ar, mas a vela ainda será bonita e cheirosa se eu a apagar a tempo. Já uma mensagem enviada não tem volta, não há o que fazer. Bem como um toque no telefone, ou um único sinal de chamando já é suficiente para estragar tudo. Para transformar o silencio em recordação.


Acho que não lembro mais como é o som da tua voz.