quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Braços cruzados


Não consegui dormir. Tava calor, mesmo com o ventilador ligado na velocidade mais alta. A cama grande não estava tão vazia assim. Talvez seja por isso: te esperei tanto, sonhei tanto contigo deitada ao meu lado, que quando fui surpreendida com isso,  abalei. Por que eu te senti distante, mesmo carinhosa. Teu cheiro não era o teu.
Virei-me várias vezes, de um lado para outro, na cama. Por receio de te acordar, pensei em ir deitar no sofá da sala, mas ia estar muito calor e eu queria o mínimo de conforto para poder acordar bem no dia seguinte e ir fazer prova.

O que os braços cruzados tentam esconder, na verdade, é o coração, e não o braço. Por que este já não bate nem apanha, Arnaldo.

Acordo de manhã cedo e quero uma coisa e quando vou dormir à noite quase tudo mudou – e, no fim, eu realmente não sei o que fazer. É uma responsabilidade grande, eu, e somente eu, preciso decidir as coisas, mas eu queria algo que me dissesse, como nos jogos de tabuleiro, “avance duas casas” ou “fique uma rodada no mesmo lugar”.

Talvez eu precise deixar o tempo passar, as coisas acontecerem sozinhas, com esperança de que elas dêem certo, de alguma maneira. Mas falta tempo, e sobra falta. 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Fuga(z)


Para Helo, com amor.  Por que o texto é teu desde a primeira frase que deu origem a ele.

A gente vive fugindo.  E na maioria das vezes sem saber pra onde. Mas nem todos querem fugir, aliás, tem uns que querem mesmo é ficar parados. Só quem pensa demais quer fugir – por não estar satisfeito com o local em que está, com o que está fazendo da vida, com as pessoas tem; se é que temos alguém nessa vida, além da gente mesmo.
Antes a fuga do que o conformismo.
            Mesmo sem admitir, ou perceber, queremos ser melhores; queremos deixar tudo lindo, nos conformes. Queremos ter prazer em toda transa, queremos comer o chocolate mais gostoso do mundo a cada bombom que é comprado na fila do caixa do supermercado, queremos a melhor festa, com música boa e gente bonita.  E por que a vida não pode ser assim, não é mesmo? Não tem nada de errado em querer que ela seja assim.
            Fugir, correr pra longe; pra um lugar distante ou para um abraço apertado, queremos mesmo é ir. Porém o problema está aqui. E estar aqui talvez seja uma fuga de verdade.
Como fica, então? Onde arrumar coragem pra sair da cama todo dia e encarar a vida? A entediante, maçante, chata, mas linda, vida. 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012


Quando parece estar tudo correto com a enzima, vem alguém e muda o substrato – sem aviso prévio ou motivo convincente.
A fortaleza que voltava a ser construída, lentamente, desmorona  novamente. Escombros.
Começar de novo.

Bons tempos em que uma panela de brigadeiro e uma música boa ajudavam a amenizar os problemas. Hoje nenhuma música acalma, traduz o que sinto, e também o que não sinto.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012


Comprei um apontador e não uso lápis.
Tinha várias coisas para fazer e encaminhar, mas perdi a hora e acordei tarde.

O que realmente vale a pena?

Eu preciso de tudo isso? E mais: esse tudo está ajudando? Na construção do meu ser? Será?

Esse lance de construção (do meu) ser vem rondando minhas ideias nos últimos dias.
Como se todas as coisas tivessem que significar alguma.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012


Queria poder te abraçar forte
e ter o poder de te fazer esquecer
de quase tudo
ao menos por um minuto

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

As pessoas que acordaram antes de mim


Acordei tão triste que, ao me olhar no espelho do elevador, senti pena de mim mesma. De cara lavada, o que não é novidade, eu estava pálida, largada, solta. Na verdade fui dormir triste, então não tinha como ter acordado de outro jeito.
Ando me sentindo mal. Com várias coisas, por causa de várias pessoas.

Saí de casa cedo, por incrível que pareça não acordei com sono, mesmo tendo dormido pouco.
Encontrei uma moça no caminho, que voltava da feira com sacolas cheias. Parecia que alguém havia ela mandado sair, fazer aquelas compras pra servir-lhe um luxo, um gosto.
Muitas pessoas saíram de casa mais cedo que eu. Hoje, especialmente, nenhuma delas me parecia feliz. E hoje é sexta feira! (foda-se, aliás, qual diferença faz hoje ser sexta?)

Só me dei conta que já tinha passado metade do CD quando sentei no banco do ponto de ônibus e prestei atenção na musica que tocava. O mp3 estava tocando há quase quinze minutos, inutilmente.

Ando assim, não prestando atenção em algumas coisas e perdendo um bom tempo com outras, buscando esperança num abano feito de dentro de um carro, que estava indo pra onde, talvez, eu devesse ter ido.

Foi.

domingo, 8 de julho de 2012


Tem tantas fotos que eu queria te mostrar, tantas músicas pra gente ouvir.
Agora o vazio parece maior ainda, maior do que antes. Ele ficou mais evidente, e eu ainda não sei como preenche-lo.
O desperdício corre solto, o meu. Devagarzinho flor em flor, como disse Cazuza.

sábado, 23 de junho de 2012


Procurei uma música que combinasse com chuva, para que eu pudesse ouvir enquanto caminhava na volta pra casa.
Não encontrei, mesmo depois de olhar duas vezes a lista de músicas que eu tinha disponível.

O som que os pingos de chuva faziam ao bater no guarda-chuva até que combinava com Nando Reis.
Mas não encontrei o que eu estava procurando.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Trajeto de hoje


Quem viaja numa época como essa? Semana que vem é feriado, por que não deixa pra viajar no feriado? Foi o que eu pensei, enquanto caminhava na rua, e vi uma mala num ponto de ônibus. Bom, pode ser também mudança, o dono desta mala pode estar indo embora da casa onde morava. Ou pode ser separação, briga de casal. Pode ser tantas coisas, na real.
Quem pensaria em algo simplesmente por ver uma pessoa com uma mala num ponto de ônibus?
Meu pensamento, às vezes, parece não ter lógica.

Carrego na sacola plástica um sonho que comprei na padaria, sem saber ao certo que sonho trago no coração.
Não sei me definir. Parece que parei de sonhar, que não sei mais do que eu realmente gosto, o que, e quem, me faz bem de verdade.

Passo em frente à uma igreja. A porta aberta me permite ver as cadeiras arrumadas, a espera de que pessoas sentem ali, façam suas preces, agradeçam e cantem a um deus que eu não sei se existe. Sou complexa demais pra saber isso.

domingo, 20 de maio de 2012


Não me reconheço.
Essas atitudes estúpidas que em tempos passados eu condenava, esse comportamento estranho, essa tolerância absurda pra certas pessoas que antes eu julgava absurdas.
Não sei se isso é amadurecer, se é se perder na vida, se é viver. Só sei que não é ser feliz.

terça-feira, 15 de maio de 2012

A complexidade das letras


(rascunho)
Penso, no momento, no quão difícil é escrever um texto que agrade. Uma simples combinação de palavras pode ser amada e odiada. Um amontoado de letras com tanto sentido.
Escrevo pra mim, e pode servir a outro. Essa não seria a intenção, afinal? Talvez minha intenção seja mais esquizofrênica, com o perdão da palavra. O falar/escrever sozinha.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Iceberg

Não, eu não estava em paz quando você chegou.
Agora o que eu era parece ter ficado num passado morto.
Não me reconheço. Tenho atitudes estupidamente amorosas, falo o que eu não gostaria de ouvir, e não ganho nada com isso.
Tá vendo? Só consigo apontar defeitos.

Hoje é daqueles dias em que eu deveria (ou gostaria de?) apagar teu número da agenda.
O mesmo dia em que eu volto pro meu casulo, volto a usar aquela armadura que deixei de lado.
Pra que ninguém possa me ver.  

sexta-feira, 23 de março de 2012

Lado de dentro

 Encosto a cabeça no vidro da janela e observo a chuva que cai lá fora. Forte, reta e determinada, parece não ter pena de quem saiu desprevenido, sem guarda chuva. E não tem.
Vejo pessoas, enquanto caminham pela rua, vestido casaco, e nem é inverno. Não faz frio do lado de fora, desse lado do mundo.
No mundo aqui de dentro é sempre quentinho, enxuto e confortável. Agradável como pão de queijo e café com leite quentinhos.
Poderia ser mais acolhedor, como um abraço, mas não há ninguém aqui, além de mim.

domingo, 11 de março de 2012

Não sei

Sempre que eu caio, lembro de ti.
Estais na minha decadência, e me manténs lá?
aí eu ouço aquela música e continuo lembrando,
e idealizando, sentindo saudade
sendo o que não é, o que não sou.
O que eu sou?

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Desacreditada, continuarei a caminhar, mesmo sem saber o que o próximo passo revelará. Tomara que ele traga esperança.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

(Re)viver

Virei a página
Cansei desse tudo, que na verdade não é nada
Por que no fundo nós nunca fomos
e eu cansei de esperar pelo dia que
nós poderíamos ser

Talvez essa seja a minha sina
Saber qual é o alvo,
o que eu realmente quero,
saber que é você, só você
e não ter, não te ter

Ainda vou olhar pela sacada, na tua direção
E lembrar de ti, Inevitável.
Tantas coisas, ainda
aquelas que o tempo não apaga
por que o sentimento não deixa de existir, nem deixará

Quem precisa começar a existir sou eu
parar de viver nas sombras, nos restos
Sabe, é difícil encontrar esperança
eu que tantas vezes tentei recomeçar
Preciso agora reinventar.

Que você não seja mais a minha inspiração.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Parada e apática, quase canso da vida, dos fatos e das análises que tenho feito.  Coloco uma música pra tocar, triste como de costume – por que é o melhor que tenho por aqui.
Não dá pra viver de restos, ainda mais quando esses restos são outra pessoa, alguma que ficou no passado, mas que vive assombrando o presente. E ninguém tem culpa, aliás, se ela existisse, seria tão mais fácil.
Difícil é lutar contra algo abstrato.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

que janeiro dure para sempre

Não te escolheria, se pudesse. Verdade, ainda mais se tivesse opções. Não vou listar os motivos - espero que eles pareçam óbvios.
Como há tempos não vejo alternativas, veio a conformação, mas ela não levou a tristeza embora.
Aquele vazio sempre esteve aqui e eu (ainda) não consegui preenche-lo.