quinta-feira, 24 de junho de 2010

Imensurável

Um semestre passa tão rápido, ou tantas são nossas ocupações que nem o vimos passar. E nisso, detalhes fundamentais passam despercebidos.
Quando não gostamos de uma pessoa, agüentá-la por seis meses é algo que requer paciência. Tempo este também suficiente para marcar a eternidade.
Talvez este período seja curto pra conhecer realmente uma pessoa, saber dos seus sentimentos, seus desejos, sua vida. A menos que essa pessoa seja transparente, ou queira transparecer-se. Porém, afeto e afinidade não possuem medida, escala ou tempo que fará dizer como senti-lo. Simplesmente acontece.
Um fato marcou a minha turma de Farmácia hoje (vinte e quatro de junho). Pra alguns pode ter passado despercebido, mas garanto que mexeu com muitos. Lá no fundo.
Tantas são as formas de amor... todas aquelas velhas máximas conhecidas.
Mas amor alheio é diferente. É quase imperceptível. É bacana, pois demonstra que aquela pequena gota de água em meio ao grande oceano tem o seu valor.
Em um mundo aparentemente tão gelado parece complicado falar de sentimentos, expor o que há de mais profundo nas entranhas, deixar cair lágrimas que remetem a um passado marcante. Isso tudo faz uma pessoa ser especial. Compartilhar esse emaranhado de sentimento com alguém também faz destas pessoas especiais. E honradas.
Não consigo ter noção das dimensões sentimentais do semestre; saber se foi suficiente ou deixou a desejar em algum ponto. Posso apenas dizer que não há nomenclatura anatômica que define o que sai do coração.

domingo, 20 de junho de 2010

Vivemos esperando..

por um gesto de bondade
um carinho
uma ligação
alguém que venha bater na nossa porta.

Um reconhecimento

De mãos atadas
ou não
indo em busca
ou na acomodação

contramão
escravidão
desilusão

..o abstrato
da
felicidade

domingo, 13 de junho de 2010

Desassossego

Caminhava sozinha, pela segunda noite consecutiva (...) a escuridão diminuída pelo postes. Tantas pessoas ali perto, dentro de suas casas, que nada podiam fazer.
Não tinha medo. Receio talvez. Os avisos e conselhos previam o pior - que parecia estar em outro lugar.
Ouvia seus próprios passos, via sua sombra, duplicada, na calçada. Pensamentos desenfreados.
Sentia o frio penetrante. Suas costelas pareciam farpas. Doía.
Os pés queriam caminhar rapidamente, mas a alma não deixava.
Pensava no conforto do lar, nas pessoas que amava, no seu mundo limitado. Não via as pessoas como oportunidades.
Não sabia como as via.
A caneta vermelha que redigia os pensamentos incessantes.
O cobertor quentinho.
O voar na madrugada.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Ele, o tempo.

O tempo. Dominador de atos, ações, vidas. Não somos nada sem ele ao mesmo tempo em que ele nos trai.
Estamos no início - de alguma coisa, que, inclusive, se delimita por ele.
O tempo é quem diz quando começa e quando termina, apesar das nossas vontades, que muitas vezes não são nada pra ele.
Quando a semana está ruim e algo chato aconteceu queremos que o tempo acelere, passe mais rápido, para amenizar o sofrimento, pois como diz a máxima “o tempo cura tudo”. Entretanto, quando algo mágico acontece tentamos parar o tempo. Queremos congelá-lo, guarda-lo num potinho a fim de lembrar pra sempre e fazer do tempo a eternidade da lembrança.
Ele confunde-se em nossos desejos, falhas, acertos.
Nos domina, nos liberta, aniquila.
Se não temos mais tempo não temos mais vida, as chances estão se esgotando.
Será? Que fim? Onde ele está? O tempo realmente diz quando é o fim ou o começo?
Deixamos de viver por não ter tempo. É.
As pessoas passam, não podemos dar um passo atrás e redescobri-la, por que o tempo passou.
Não festejamos, não saímos, não lemos, não estudamos, não vamos a praia, não vivemos - apenas existimos.
Perdemos momentos preciosos. Por culpa dele.
Ele parece escapar por entre os dedos, não nos pertencer mais.
O tempo criou a saudade.
O tempo impõe o ritmo.
O tempo é a vida.




“Sei que as vezes uso palavras repetidas, mas quais são as palavras que nunca são ditas?”