quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Braços cruzados


Não consegui dormir. Tava calor, mesmo com o ventilador ligado na velocidade mais alta. A cama grande não estava tão vazia assim. Talvez seja por isso: te esperei tanto, sonhei tanto contigo deitada ao meu lado, que quando fui surpreendida com isso,  abalei. Por que eu te senti distante, mesmo carinhosa. Teu cheiro não era o teu.
Virei-me várias vezes, de um lado para outro, na cama. Por receio de te acordar, pensei em ir deitar no sofá da sala, mas ia estar muito calor e eu queria o mínimo de conforto para poder acordar bem no dia seguinte e ir fazer prova.

O que os braços cruzados tentam esconder, na verdade, é o coração, e não o braço. Por que este já não bate nem apanha, Arnaldo.

Acordo de manhã cedo e quero uma coisa e quando vou dormir à noite quase tudo mudou – e, no fim, eu realmente não sei o que fazer. É uma responsabilidade grande, eu, e somente eu, preciso decidir as coisas, mas eu queria algo que me dissesse, como nos jogos de tabuleiro, “avance duas casas” ou “fique uma rodada no mesmo lugar”.

Talvez eu precise deixar o tempo passar, as coisas acontecerem sozinhas, com esperança de que elas dêem certo, de alguma maneira. Mas falta tempo, e sobra falta.